quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Te vi andando na rua esses dias. Fazia tanto tempo que não te via. Talvez sete, oito anos...E te via tanto. Na verdade acho que te vi todos os dias por um tempo bem longo. Acho que passamos um pelo outro todos os dias nesse espaço de tempo. Claro, não me lembro desse "todos os dias". Lembro de poucos, bem poucos. E sabe, foi interessante o que pensei quando te vi andando pela rua esses dias. Quando te vi vindo longe, quieto, olhando pra baixo. Pensei em ti como uma réplica da parte de mim que ficou pra trás, que ficou naquela época em passávamos um pelo outro e não nos víamos. Complexo isso, não? Complexo para um simples pensamento sobre uma simples pessoa que passava. Também acho! Mas acho, ao mesmo tempo, sincero e bonito. Bem sincero da minha parte não te enxergar simplesmente alguém a mais que passava de olhos baixos por mim e, sim, te enxergar como alguém que passava e que passa ainda por mim, e não me vê... e que passou por mim várias vezes, e também não foi visto, pelos mesmos olhos baixos. É que te vi andando. Eu te vi, olhei pra ti, senti aqueles traços lindos que tem em cada um de nós. Pude olhar, pude te sentir. E tu não. Tu não pôde,... tu continuou com os mesmos olhos baixos de quem não vê a vida. Sabe... te senti muito nesse dia. Te senti tanto, que me doeu. Queria voltar, te sacudir, fazer com que tu olhasses pra mim,... te dizer meu nome, te perguntar o teu, te dar aquele sorriso de anos, que não foi dado... Aliás, não sei direito porque não fiz. Devia ter feito. Devia mesmo. Talvez depois, horas ou minutos depois, tu chegasses em casa, e pensasses... ALGUMA COISA. Alguma coisa já me bastava. Que fosse algo do tipo "que louca!", ou... "que olhos bonitos". Tanto faria pra mim. Queria só alguma coisa. Alguma coisa, qualquer que fosse. E não aquele eterno nada que carregamos um do outro por muitos e muitos anos. Mas não fiz, e agora não tem olhos meus na tua memória,... Não tem nada! Te deixei ficar com o eterno nada de mim. E com um eterno nada de outros tantos passos que virão a cruzar os teus... E com o eterno nada de olhares que nunca serão dados. Te deixei... e agora continua não tendo o azul dos meus olhos na tua memória... e eu lamento.
R.A 21/01/11

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