sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sem culpa...

Doce, doce, doce, doçura onde foste? passeias no tempo, me deixas quieta, volta mais rápido, te peço também. A paixão é o giz colorido que suja, mas não mancha. A transformação é a gente que faz, não a cor. A transformação vem com o desbotar do tempo, o clarear da alma. A paixão não mancha, não. A paixão colore, é o verbo colorir. A paixão é um verbo que não pode, não sabe ser conjugado de vez em quando. Coitada, coitada dela. Deixa a paixão, menina. Deixa ela em ti. O doce da paixão é justamente o instante amargo coberto pelo segundo seguinte tão doce. Ah, a doçura! Nem o amargo nem o doce transformam o paladar. O que transforma é o que se sente desse amargo, desse doce. A paixão não teme, não teme não- quem teme é a gente. Quem teme a mudança é a gente. Quem teme que a paixão manche é a gente. E pra quê? E doçura, onde foste? A doçura saiu um pouco. Não cobra dela uma presença do tamanho que não existe. Não cobra da paixão uma cor que brilhe o tempo inteiro. A paixão é um verbo defectivo: não sabe conjugar em certos tempos. E a culpa é do tempo, não dela.

R.A 15/04/11

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