segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

PINHEIRA

Alguma coisa ao longe pede lugar na paisagem. Encobre o imenso, faz o azul encontrar o verde. Deixa pouco espaço, se impõe. E tanto, que quando some, faz falta, traz lamento. Alguém bem perto pede espaço no coração. Fecha os buracos, traz delicadeza, traz carinho. Usa figuras, canta paisagens. Fala ao vento, toca com amor. Alguém, um pouco mais longe, ou melhor, um pouco menos perto, pede palavra. Diz seu espaço, não pede, não chora. Mas como a coisa, some também, e deixa a falta. Alguém, na verdade dois, são tão dois, que quase viram um alguém. Um canta cantado, o outro canta sorrindo. Não falam de amor, fingem soprar o vento para outros lados, mas esse vento é tão lindo, que pra lado algum vai, que não pro lado do próprio lado. Alguma coisa se estende, gigante. Não precisa pedir espaço. Não se fala em fim, apenas se junta ao céu num lugar que não existe, mas se vê. E alguém aqui- acaba no encanto. Pelas montanhas chamadas de morros, sumidas no ar que não aquece, por alguém que pouco diz. Pelos morros chamados montanhas pela boca de quem só quer presença. E pelos morros não chamados... porque o encanto do mar ocupa todos os olhos da princesa, pequena Clarissa.
R.A 31/01/11

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