quinta-feira, 17 de março de 2011

3 anos...















A gente tem crescido ao mesmo tempo.
De um lado, o tempo fazendo a criança seguir a vida pelo caminho da infância que um dia finda. Do outro, a vida me fazendo encontrar a infância que findou, mas que pede visitas.
De um lado, o tempo mudando os traços, alisando os cachos, escurecendo o azul dos olhos. Do outro, o tempo consolidando os traços mais certos, os amores mais bonitos, os carinhos mais sinceros.
De um lado, a vida criando os laços. Do outro lado, a vida soltando uns nós, e criando outros novos.
De um lado, a vida marcando a inocência num caminho ainda longo. Do outro, a vida seduzindo num caminho sem um fim certo.
De um lado, a infância fazendo seus questionamentos sem ideia de resposta. Do outro, a juventude fazendo os seus, mas com as desconfianças já tão próprias de quem carrega uma bagagem de infância e outros anos passados.
De um lado, nos olhos azuis, o encanto. Do outro, nos outros olhos claros, o encanto tão quanto.
De um lado, as perguntas, as vontades de manejo, de descobertas. Do outro, já várias respostas, mas também a vontade de decifrar.
De um lado, três anos. Do outro, mais que cinco vezes ainda somados a inúmeras lembranças e a esquecimentos que nos fazem.
De um lado, a criança. Do outro, não mais.
A gente tem crescido ao mesmo tempo.
De um lado, meu pé na frente, meu pé atrás. Meu pensamento meio hoje, meio ontem, meio amanhã.
Do outro lado, os dois na frente e acelerados. E o pensamento no imediato que foge do que os olhos acobertam, e deslumbra.
A gente tem crescido ao mesmo tempo.
De um lado, um crescimento dentro do tempo, do espaço. Do outro, um crescimento sem tempo e sem espaço; um crescimento de alma, talvez na própria alma, mas não só minha.
De um lado, um crescimento que faz os anos voarem, que deixa a impressão de que o tempo corre.
Do outro, um crescimento que faz o que essa corrida pede, implora: agarra esse tempo aqui, e faz dele, mesmo corrido, um tempo de tempo vivido.
A gente tem crescido ao mesmo tempo.
A gente tem encontrado a infância. A gente tem se deparado com o mundo ao mesmo tempo.
Meu papel de criança foi feito, agora aprecio, em encontros tão perdidos em ambas as vidas, o dele.
E em meio a esse apreço, somos dois no mundo: um encantado pelo novo e o outro fascinado pelo novo já velho.
E nesse apreço, somos dois curiosos. E nesse apreço, somos dois fascinados pela vida lá fora.
A gente tem crescido junto. Onde a gente vai se encontrar? Talvez na vida, talvez em meio ao próprio fascínio, talvez na lembrança do momento de fascínio que nos fez.
A gente tem crescido ao mesmo tempo.
E nesse crescimento, a vida ensina a esperar; desde a espera da criança à espera de quem espera que a vida não faça muito esperar.
A gente tem crescido ao mesmo tempo.
E todo passo é como um passo no espaço. Todo passo é quase sem tamanho perto do espaço de vida a percorrer. Mas todo espaço de vida é um espaço a ser preenchido pelos passos de quem dá.
Enfim,
A gente tem crescido ao mesmo tempo.
Entre as palavras desbravadas e as palavras desafiadas...
Entre o descobrir dos espaços e o decifrar dos vazios, dos amores...
Entre o crescer da mente e o crescer da alma...
A gente tem crescido!
R.A 17/03/11

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