sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Pra sempre teu, Caio F.


Meu querido!
Que aperto no peito...
Coloquei uma música, apaguei a luz, e agora respiro fundo pra não chorar...
O que fizeste comigo?
Choro por ti!
Tá vendo todos esses textos aqui?
Foi um lado de mim que se entregou! Se entregou à sensibilidade.
Não sei onde estás, o que fazes, se a dor passou...
Mas sei de mim!
Não me deixam viver muito com o vazio... com te deixaram, como te deixaste.
Mas carrego ainda, no fundo do fundo de qualquer lugar que seja aqui dentro, o "essencial e verdadeiro".
Me ensinaste- numa presença de alma em alma- a não ter medo de assustar, de se assustar- de se deixar assustar.
Tu sempre me doeu muito... em toda palavra! E acho que porque me deparava com o que quase acabei sendo- meio morte e meio vida.
Nunca, numa carta, travei em todas as linhas. Eis aqui a primeira!
Tuas frases estão em cada pedaço meu. E, às vezes, acobertando os pedaços que não mostro.
Me conhecem muito já por ti! E onde tu estás?
Hoje muito sei falar de ternura por ti. Muito sei falar de dor por ti. Muito sei falar de mim por ti.
Queria ter olhado nos teus olhos uma vez só- e lamento por isso- por não poder ter feito.
Sinto algo forte na tua criação. Te sinto muito. Me sinto muito.
E... que agradecimento teria?
Nunca sei dizer por que tantas oposições carrego. Olho pra tua imagem- entendo.
Olho pra tua imagem- vejo as tuas tentativas desesperadas de vida- que se foram- e entendo.
Me achei no mundo, Caio! Mas continuo a perdida da mesma perdição que te fez.
Obrigada pela companhia. Por todo compartilhamento. Só isso que posso dizer!
E que estejas descansando em paz, ou na inexistência que tanto te fez.
Pra sempre tua,
R.A
25/02/11 (15 anos da morte de Caio Fernando Abreu)

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