quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Feliz aniversário, Fer!


O que te dizer? Tem tanto!

Sabe... quanto começo a escrever uma carta pra alguém, eu escrevo sem compromisso. Acho que é uma das únicas coisas que faço assim, confesso. E faço assim, porque sei, não vou conseguir expressar nem metade do sentimento. Então simplesmente escrevo... que saia o melhor de mim.
Fer, quem é tu? Te vejo há dezesseis anos. Te vi diferente todo dia, desde os dias lembrados por mim. Muito vi, muito desejei saber o que era. Muito me confundiste, muito me deste nos nervos, muito me fizeste admirar. Muito, muito, muito- isso que te vejo. E isso que sinto por ti.

Sei que não gosta do sentimentalismo- mas deixa eu dizer que te amo uma vez só?

Acho engraçado como sempre tu me perguntas "foi a Ana?". (risos)

Fico indignada que tu sempre me pega nessa!

Por que tu não me pergunta "quem foi" quando leio encantada o Caio, quando escuto o Chico?

Queria também dizer "foi tu". Queria também poder dizer que muito me criei sentada na tua cama, te escutando, escutando "eu te amo" na voz do Chico, escutando de ti umas ou outras palavras do Caio. Fer- muito sou de ti. Talvez o que tu não seja mais, o que não quiseste sustentar ou não pudeste. Mas muito sou!

A tua ida foi um choque, não tem como dizer que não. Mas acho, também, que contribuiu mais do que qualquer coisa para o carinho que tenho por ti. Acho que nós duas sabemos bem disso!

Nunca fomos melhores amigas, nem confidentes fiéis, apesar de eu lembrar cada detalhe do dia em que me contaste que estava indo embora, e não era pra contar a ninguém- e não era pra chorar também- mas chorei.

Nunca nos adoramos loucamente. Mas poucas vezes alguém se foi da minha vida, alguém que ocupava um espaço grande, e deixei esse espaço aberto, pra que quando quisesse, voltasse e ocupasse novamente. Pra que quando quisesse, aparecesse. Sentasse na minha cama e ficasse tardes e pedaços de noite discutindo o presente, o passado e o futuro.

A gente aprendeu a dividir o espaço numa conversa. E acho que isso mostra um pouco da nossa aceitação. Te aceitei, fer- louca, inconstante, arrebatada pela vida e um pouco perdida entre tantos caminhos. Te aceitei, fer! Te aceitei apaixonada por uns, por certas coisas, e desencantada com tantas outras. Te aceitei sem definição, sem jeito certo pra descrição, sem palavra pra consolo, sem abraço apertado. Te aceitei- aceitei teu jeito- sem nem saber qual era!

Espero nos próximos anos, décadas... Te ver mais que essa Fernanda pra quem escrevo. Mas se quiseres- menos também. Acho que mereces os dois- a grandeza que a vida nos dá- e a criança em afeto que o tempo, quando aceito, nos torna.

Obrigada pelas conversas, pelo cinema, pela música, pela literatura, pela arte vista por olhos teus. Obrigada por me ceder um pouco desses olhos, um espaço no cantinho da tua cama, uns olhares, umas risadas, um espaço no cantinho da tua vida.

És o que há de mais verdadeiro nas minhas lembranças de anos atrás nessa casa que já te perdeu. Mas é, também, o que há de mais bonito nas minhas lembranças de hoje nessa casa que muito de ti guardou e sente falta. Que muito de ti guardou- e que hoje pede visitas, que hoje pede presença.

Faz a tua vida, fê! Faz dela um cinema- e me coloca num cantinho da tua criação- do teu criar diário- do teu inovar contínuo. Faz fê, vai lá, vai ser feliz!

Mil beijos,

Lé.

23/02/11



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