terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Textos que não foram concluídos- lembranças que não tiveram um fim

"Acordei diferente hoje. Sempre dou um pulo, saio rindo. Sério, é assim mesmo. Sempre assim, todos os dias do ano. Chuva, sol, morrendo de frio. Basta eu abrir os olhos, que me aparece um sorriso no rosto. Lembro que minha mãe falava isso quando era pequena: que era a única que ela conhecia que acordava rindo. Falou isso por anos, é uma das minhas lembranças mais fortes. E quando parou de dizer, comecei eu a fazer por ela. Comecei a me olhar, a dizer quem sou. E me encontrei assim, do jeito que ela dizia: sorridente ao amanhecer. Só que hoje acordei diferente. Pode ser porque foi mais tarde, e reconheci uma troca de rotina, ou uma perda, que não esperava com muita empolgação. É, pode ser. Pode ter sido uma certa manifestação de revolta por parte minha. Foi como dizer que este não era mais um de todos os outros para encarar e viver. E não sei porque aconteceu assim. Porque era, sim, mais um dia parar encarar, sabia disso, sabia muito bem. Mas não o fiz. Fiquei na cama, e chorei ao abrir os olhos."
(Trecho 1) R.A/ 2010

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