domingo, 24 de outubro de 2010

Fragmento I

E eu saí correndo ao teu encontro. Na verdade mesmo, eu nem pensei no encontro, nem na dor (ah, a dor...), eu pensei somente em ti, e como tu confortavas tudo em mim. E eu corria, corria devagar, devagar, mas corria, porque forças me faltavam, e eu soltava passos leves, forçados passos, ao teu encontro. Mas correndo... a dor corria, e corria de cada canto do corpo para mais uma daquelas pontadas, fisgadas, fincadas no coração. E doía tanto, mas tanto... Sangrava, e nem forças para gritar eu tinha. Só sabia mesmo era do teu encontro. Não sei porque tu, só sei que era tu. E era, sim, de alma. Como eu, que parecia perder a minha ao não te encontrar. Mas não sei mesmo porque era tu, e porque eras tanto, e porque te amava tanto naquele momento em que nada no mundo era amor. E eu corria, corria ao teu encontro, sei lá se fazia chuva ou se fazia sol, só sei que encontrei, no fim, portas abertas, e eu corri mais, corri para o teu abraço, abraço só teu. Porque tu eras, naquele momento, o que ninguém nunca foi, o que jamais soube explicar, já que a dor não passou, nunca passou, nunca passará, mas, mesmo assim, parei no teu abraço e me calei, enfim, naquela resposta que só tu teve: "eu não sei... só precisava de ti, só isso".
R.A (22/04/10)

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