domingo, 24 de outubro de 2010

Fingimento

Eu finjo. Finjo mesmo. E finjo de tudo um pouco. Finjo amor, finjo raiva, finjo sorrisos, finjo carinho, e finjo até a falta de tudo isso. É que eu cansei, entende? Cansei das poesias prontas, formadas, formatadas e sem ato poético nenhum. Porque a vida não é isso: tudo pronto. A vida é o contrário: processo de formação, deformação, indefinição. E eu cansei, cansei da falta e da presença. Quero não saber se o verso vai ser de amor ou de raiva a ti. Quero, que de alma, que de um ardor aqui dentro, saiam apenas palavras soltas, livres, sem início nem fim. Entende? Eu cansei de interagir, mas continuo querendo que o outro lado seja vivo pra mim. Por isso não quero plaqueta pra definição pedindo que o outro lado seja preso ao que eu já sei. Eu quero que ele seja livre para o nome que vir, e não precisar mais me preparar para o fingimento contínuo, retilíneo, determinado, que a vida não deve ser, nunca.

R.A (26/06/10)

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