terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Ao som de Chico my love!

Cada vez tenho largado mais o papel. Paro aqui, fico um tempo indeterminado olhando pra página em branco. Olho, só olho. Cada vez consigo menos tirar o vazio da folha. E por quê? cada vez, também, sinto mais. Cada vez amo mais, me encanto mais, choro mais. A vontade de vida tem sido tão grande que me parece não passar mais pelo espaço da criação. Será isso? Ando sabendo dizer tão pouco. A sede é tanta, é muita. Ando sentindo tudo pequeno demais- toda representação, mínima. Nada diz ao certo, nada tem passado a mensagem do subjetivo, do coração. Ando com algo enorme no peito, e nada sabe dizer isso. Choro ao contato com a vida que for. Choro pela perda do contato- minha, de outros- dos que já se foram há tempos. Choro com a música que escuto, com as palavras de gente- gente como eu, tu- que leio. E, ao mesmo tempo, sorrio por quase tudo isso também. Mas só- só sorrisos e só lagrimas. Só vontade de dizer. Sem palavras! Tenho me apaixonado todo minuto, todo segundo, todo suspirar. Pelo samba, pelo amor que já tinha, pelo novo que descobri, pelo velho já descoberto, pela vida, por mim. Tenho me apaixonado pelo que venho escutando, pelos sorrisos encontrados em meu rosto, pelos sorrisos que tenho encontrado em rostos por aí. E nada disso consigo dizer- falar da essência- do quanto me muda- me coloca na vida- me tira dela. Tenho amado mais do que vivido. Ou será que dizer "tenho vivido" já basta? Qualquer olhar me puxa, tantos abraços já me aquecem. As músicas de tanto tempo já me arrepiam. Os olhos de Chico- Chico my love- já se fazem os azuis que me tocam com a lembrança linda de uns caminhos percorridos pela cidade na companhia de uns que amo. Uns encantos meus, pelo que for, por tudo, já vêm na companhia de um carinho que tenho por alguém que traz na alma uma nobreza que não sei dá nome. Tudo- tudo tem me lembrado que tenho amado. Da luz do dia ao instante em que cansada fecho os olhos. Tudo! Tudo incluindo essa minha voz que cala. Esse coração que aperta e não sabe dizer. Esses olhos que fecham e se deixam ficar sem explicação. Tudo! Tudo tem me lembrado. Tudo- incluindo essa pouca existência de fim.
R.A 15/02/11

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