domingo, 20 de março de 2011

Minha saudade anda sofrendo de ansiedade. O tempo pra ela tem sido como o tempo pra quem morre asfixiado. O tempo pra ela tem sido como o tempo pra insônia, pro tédio, pra lucidez quando não se quer. Minha saudade anda sofrendo de ansiedade. As palavras pra ela têm sido como as palavras do poeta: uma tentativa de estancar o sangue, a raiva, o sofrimento, a felicidade exagerada, a carência, o afeto que ultrapassa as paredes da alma. Minha saudade anda sofrendo de sei-lá-o-que: não dorme mais, não se alimenta mais- passa a noite em claro esperando a inexistência de si. Minha saudade anda sofrendo uns transtornos estranhos: não é a mesma saudade de antes. Anda mais insana, mais distante e mais alerta ao mesmo tempo. Minha saudade anda sofrendo de paixão e não sei o que fazer com ela. Quando sofria de amor, acalmava ela nos braços de alguém, nos meus próprios braços. Agora não há ardor que acalme essa angústia. É um exagero, são instantes entre a lucidez e a loucura que não se findam. Minha saudade não pensa mais na imensa inexistência que a fez existir. Parou, parou de pensar! Calou-se. Colocou toda dor, todo amor, todo vazio, toda existência incompleta- tudo que a sustentava em uma só palavra. Minha saudade deixou de ser saudade: minha saudade virou paixão.
R.A 20/03/11

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