segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Pra alguém...

Amiga,
Me desculpa. Desculpa por ter a certeza de que no fim não te mandarei esta carta... desculpa por ter a certeza de que te escrevo em vão. Desculpa por não ter coragem de dar a cara a tapa, e ir, ir fundo, tentar te ajudar. Me desculpa, mas não consigo. Não tenho a firmeza que parece, ainda sou sensível a tombos, a possíveis empurrões. E tu me empurrarias. Lamento muito por isso, por não poder cair por ti. Porque não posso, agora não posso. Espero, sinceramente, um dia poder. Não por ti, mas por outros. Não por ti porque espero que até lá alguém, qualquer alguém, já tenha dado a cara a tapa, alguém já tenha te dado a mão. Espero muito que tu aceite, que tu segure, e que tu veja logo o que tanto quero te mostrar. Claro, não tem tanta pressa assim. Não te cobraria a esse ponto. Só não queria mesmo que tu perdesses mais desse tempo valiosíssimo, só isso. Mas tudo bem se não der agora, nem nos próximos meses, ou anos talvez. Tudo bem! Claro, fico ainda mais triste por saber que talvez pudesse fazer, e não fiz, e te deixei perder. Mas ok, a gente não vai morrer por isso. Tristeza vem e passa. O que não vai passar logo é minha vontade de poder te ajudar, enquanto tu não fores ajudada. O que não vai passar é meu lamento, é uma certa dor por ti, e pelo mundo lá fora que vive assim também. Quietos, calados, fechados. E é tão triste! Só queria que tu te abrisse pra vida, no que há de verdadeiro nisso. Não é um pedido de afeto, atenção, presença. Não, não é! Aliás, trocaria isso tudo pela tua aceitação. Pela tua tentativa, pelo teu encontro com o que há de mais belo. Trocaria tudo de olho fechado. Mas sei, não é fácil, e sei também que vai demorar. Queria que não! Mas vai... O processo é longo, pesado, talvez tu comece, pare, grita, brigue muitas e muitas vezes. Ok, tudo bem! A gente pode voltar e tentar de novo... Mas, sim, queria muito alguém pra te levar nisso tudo, mostrar a ti que não dói, ou que não dói tanto. Queria muito alguém aí, agora, contigo, pra te mostrar o quão lindo é o que alcançamos com isso... Queria muito, e queria muito que pudesse ser eu. Mas não dá! Lamento a cada vez que te vejo, a cada vez que te olho, e que teu olhar foge cheio de incompreensão. Lamento, mas ainda digo: vai chegar! E espero te encontrar depois... te encontrar e me sentir talvez até mais leve... Te encontrar e me sentir mais feliz vendo o quão mais viva te tornaste! E lembrar do quão bonito é chegar, e do quão bonito é ver o outro chegar também. Então, de verdade, me desculpa!
R.A 20/11/10

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