segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Vejo a vida passar. Me dá um frio na barriga, e umas sensações estranhas que ainda não sei dar nome. Queria deixar isso mais poético, mais na essência do que é, mas é muito, e pouco sei. Queria dizer o quanto tenho sentido com isso e quanto tudo isso tem sido sentido por mim. Não sofro, não choro na maioria das vezes, quase que não acho triste. Vejo a vida passar, e a vejo, simples assim, mais nada. Não tem muito o que dizer, apesar da imensidão a se sentir. Tenho sido abrigo da saudade, de uma satisfação, um pouco de lamento também. Tenho abrigado bastante nessa mudança, nesse passar do tempo. Tenho estado firme nesse fim de fase, nisso que me mostra um tempo que corre, e que não espera muito não. Tenho visto as coisas mudaram, uns sorrisos se apagarem, outros se abrirem outra vez. Tenho visto meu irmão que acabou de nascer com quase três anos. Tenho visto meu outro irmão, até pouco tempo atrás criança, grande, alto, forte. Tenho visto minha avó, insana, um pouco mais quieta. Tenho, também, encontrado traços que não encontrava na minha mãe. Tenho visto cabelos brancos, em vários. Tenho, também, nem visto mais vários. E, assim, podendo imaginar o que mudaram, o que cresceram, o que deixaram de ser, me dando até certa inspiração, por saber que o tempo, como uma garantia, me trará surpresas boas, como oportunidades de reencontros, que juntam duas novas pessoas, mas com, ainda, boas velhas lembranças. Enfim, tenho visto a vida passar, várias vidas, pela minha, e por outras. Tenho visto beleza, encanto. Tenho visto tristeza, vontade, esperança. Tenho sentido algo forte, ardente, mas, ao mesmo tempo, incrivelmente leve. Tenho sentado aqui, várias vezes ao dia, com uma sensação estranha de não poder descrever o que sinto. De que tenho sentido mais a cada minuto. De que é tudo imenso demais a meus olhos... e não me canso de ver, de encontrar. Tenho sentado aqui, parado um pouco, pensado em mim, em outros. Tenho tido, não é novidade, uma vontade imensa de parar mais ainda. De poder olhar o máximo possível. De poder encarar essa mudança, essa vida que passa. De poder dizer que fui, e que serei mais. E, mais ainda, tenho sentado várias vezes aqui para dizer, pensar, também confessar, que não consigo ver tudo, abraçar tudo, abranger demais, porque não posso, porque não tenho braços suficientes pra isso. E que não acho ruim, e que não dói. Muito pelo contrário: me encanta. Tenho sentado aqui, várias vezes ao dia, pra dizer que essa imensidão de vida me encanta, me encanta...
R.A 26/11/10

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