sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Agora- agora sei lá. É que essa coisa de querer ficar buscando sentido em tudo dá um cansaço na gente. Mas não falo da nossa busca- falo da busca dos outros. Da loucura de outros de achar que podem achar loucura no que é loucura: na gente. E falo dessa loucura que a gente é no sentido amplo da coisa- loucura como aquilo que a gente não sabe dá nome. Afinal, loucura é isso- aquilo que foge do que a gente sabe que é. E o que é a gente se não isso? Se não um bando de coisas que se diferem. O que é a gente? Tô numa confusão absurda. Me aceitei- e decidiram me negar. Não tão bruto assim- mas assim. Acordei num belo dia e me disseram que não- que aquilo que eu tava chamando de aceitação não tinha esse nome. Podia ter outro, tudo bem- mas não esse. Baixei a cabeça, chorei um pouco, e saí dizendo "não esse... não esse...". Ok, entendi- não esse! E entendi que não esse, porque existe outro- outra coisa pra aceitar- com um nome mais bonito. Ok, entendi de novo. O que eu não entendi é onde entra a parte que me conforta nisso tudo. A parte da vontade. Cresci com uma semi-perfeição incrível: fui a criança que falava com todo mundo, que sorria pra todo mundo, que saía com todo mundo. Depois cresci mais um pouco e fui a melhor da série até sei lá quando. E depois mais um pouco- e fui a guria que lia o que ninguém lia, que falava o que ninguém falava, que sorria quando ninguém esperava isso. Digo isso pra dizer "e agora?". Crescer assim não é fácil não- ainda mais quando não se tem por inteiro o que vem depois que a única ligação em carne que se teve um dia se rompe. Isso tudo pra dizer "e agora?". É que essa sou eu- essa aí que disse- sou eu. E esse eu aí gosta do nome mais bonito. Gosta das coisas mais bonitas que os olhos veem. E eu- eu não posso passar por cima de mim- desse lado rígido meu, que busca um espaço, que precisa de um espaço. Eu choro toda vez que me olho e me pergunto- "pra onde tô indo?"- Eu não sei. Tô tão dividida. E não adianta- penso, penso, penso... E aquela dorzinha chata continua ali. Agora entendo tanta coisa- agora entendo minha prima que sai se jogando por aí. Agora entendo o Caio- que nunca sabia o que fazer. É que a gente é muita coisa- muita, muita, muita. E a gente tem que encarar essa vida louca com UM corpo só. A gente tem que estar num lugar só, com um foco só. O problema é que a gente não é só. O problema é que eu não sou só. Eu me olho e não me vejo mais só aquela guriazinha com tudo pra se dá bem na vida. Não sou mais só essa- tenho outro lado. E sou louca por esse outro lado. E agora tô tendo que deixar ele dentro de mim- guardado aqui- no sorriso- numas palavras- em uns gestos. E tenho sofrido com isso. Confesso: eu tenho sofrido. Não deixei de ser feliz- ando cada vez mais feliz. Adoro a vida. E acho que isso que tem me confortado- não vou mentir. Não vou mentir- não sei o que faço. Mas não o que faço no sentido da ação- no sentido de sair num caminho. Não nesse! Eu não sei o que faço é com essa briga aqui dentro de mim. Acredito que a gente precisa de um pouco de turbulência, nem que seja pra sentir que não tá sentindo nada. No meu caso- agora- pra sentir que tô sentindo muito. Mas... o que fazer com esse muito? O que fazer?
R.A 11/02/11

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