quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011


Sinceramente? não sei mais como falar de tudo, de mim. Não que não tenha mais o que falar- tenho, tenho sim, e muito. Aliás, nunca tive tanto. O que não sei mais exatamente é o que deixar aqui de tudo isso, como me colocar num texto, como falar da vida... Isso que não sei mais: como falar disso tudo, onde me colocar nisso tudo. Ando criando muito- mas as criações andam muito mais no contorno do outro do que no meu próprio contorno.Viver muito expande a criação. E daí a gente fica com tanto... e no fim, não sai nada. Não sai nada, porque a vontade de mostrar muito é gigante... Porque a vontade de mostrar o imenso é imensa... E o imenso não tem espaço no espaço- ele é imenso- e o imenso está em muito. No que a gente vê- e no que a gente não vê. E tenho passado por isso. Tenho me calado muito quando chega a hora de dizer o que me encantou- de mostrar que o que for é encantador- de descrever, de dizer como é. Tenho me calado quando chego aqui e tento dizer o quanto tenho estado bem, o quanto a vida tem me encantado, o quanto sei lá quem me fez feliz hoje. Tenho travado- e a culpa nem é de ninguém. Freud lembrava que a gente nunca consegue transmitir o que sabe de melhor. Acho que acabei batendo de frente com isso- e descobri que é verdade. Que eu não sou diferente, que eu também não consigo transmitir. Mas penso mais- acho que é verdade por uma coisa gigantesca. Acho que a gente não consegue, porque a gente não pode. Porque o que a gente sabe de melhor a gente descobriu dentro da gente. Tem que vir de dentro, bem dentro. E bem de dentro de cada um. E depois que a gente descobre... a gente descobre mais: a gente descobre que só quem já descobriu vê que já descobrimos- e tudo que a gente pode fazer é tentar ajudar quem não descobriu- e tudo que a gente pode fazer é ficar feliz vendo uns ou outros descobrirem. Que tudo que a gente pode fazer é volta e meia dar a mão, ajudar em uns tombos. Que tudo que a gente pode fazer é carregar uma esperança. No meu caso- uma esperança enorme. Uma esperança de ver o outro sorrindo tão quanto. É, no fim, é isso que a gente descobre. Que não adianta sair gritando por aí que a vida linda. Que não adianta, porque ninguém descobre isso lendo os meus textos, ou os textos de quem for. Que não adianta, porque ninguém descobre isso olhando pro céu, pra mim ou pra ti- e, sim, pra si.
R.A 09/02/11

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