terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Textos que não foram concluídos- lembranças que não tiveram um fim

"(...) É, realmente não teria presente algum pra esse natal. Até que ontem à noite me chamaram na sala. Estavam todos lá. Uns rindo sei lá de que, outros atentos à televisão, outros simplesmente alheios. Foi quando parei. Foi quando parei e vi aquele bando de vidas tão próximas a mim e que pouco conheço e que a cada dia que passa reconheço menos. Dei uma pausa, senti um aperto no peito. Olha, fazia tempo que não vinha tão forte. Fincou mesmo! Então respirei fundo, mais uma vez... Pensei em todas as vezes em que terei ainda que fazer isso, e em outras que já não farei mais... Nas vezes, quando pequena, que chegava correndo e caía nos braços de alguém. E em outras tantas, que queria ter chego, e não havia braços abertos. E fiquei ali parada. Fazemos pouco essas coisas. Talvez só na semana do natal mesmo. Talvez em algumas noites perdidas durante o ano... Mas só. Ninguém se olha muito aqui, é difícil. Pra uns, doloroso. Pra outros, um desperdício de tempo. Para poucos, talvez, uma eterna tentativa. E pra mim: quase que tudo ao mesmo tempo. Mas acho que tirando a parte do desperdício e colocando um fator externo que se chama "o mundo". Fugi de casa, ninguém viu. Tenho outras casas, tenho um mundo lá fora que me acolheu. Isso me afastou demais, não há dúvida. Mas não tive outra escolha, não me deram muitas alternativas. Se dividir em dois e ficar sofrendo pela metade não cabe. Ou fico inteira e bato de frente ou nada feito. Foi nada feito! E ontem à noite senti o peso desse "nada". Todos sentem. E foi quando vi que terei, sim, por muito tempo um pedido de natal... (...)"
(trecho 3) R.A/ 2010

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