terça-feira, 22 de março de 2011

Aniversário CMPA- 99 anos
















Colégio querido,
Tenho confissões a fazer: sou apaixonada... Sou apaixonada pelas histórias que compartilhamos, pela alegria que temos, pelas angústias que dividimos, pela grandeza de ser o que somos, que nos rodeia, que nos permeia em um só lugar: aqui. Sou apaixonada por esse nosso mundo fechado, que se fecha com a solidez das mãos dadas. Sou louca pela nossa história, pela nossa tradição, pelos nossos tantos anos que não perdem com o tempo- e, sim, constroem, fortalecem. Sou apaixonada pelos nossos 99 anos, pelas nossas marcas, pelos nossos símbolos. Sou apaixonada pelo que conhecemos, pelo que desbravamos, pelo que rimos e também pelas horas em que as risadas não cabiam. Sou apaixonada por isso que só somos aqui. Sou louca pelas nossas lembranças, pelos nossos brados, pelos nossos "bravos"; pelas nossas conversas, pelo nosso compartilhamento, pelo nosso espaço delimitado, mas pelos limites do cuidado. Sou apaixonada pelas considerações, pelos apertos de mão, pelos abraços apertados. Sou louca pela nossa riqueza de detalhes, pela nossa nobreza em palavras, pela nossa delicadeza em gestos. Sou apaixonada pelo amor semeado com cuidado e enrustido em rigidez. Por tudo isso, que só há aqui. Sou dividida: sou divida entre ser apaixonada e ser louca por esse lugar; onde a loucura é o extremo da lucidez de saber a grandeza do que se tem. Sou apaixonada pelo que só há aqui, pelo que há aqui e também em outros lugares, mas sem a marca do coração. Sou apaixonada pela lembrança da infância que me toma quando estou do lado de fora, que era imaginar esse mundo do lado de dentro. Sou tomada pelo aperto no peito quando entro e vejo que a infância bem faz em sonhar, mas a juventude ainda melhor faz em conceder um sonho maior do que próprio sonho de criança. Sou louca pela nossa história marcada por poetas, por presidentes e por, no que há de essencial, pessoas felizes, realizadas. Sou rendida quando mesmo cansados, com cinco, seis anos de canção, enchemos o peito e cantamos com a alma. E há quem diga que não, mas um dia se renderão. Eu me rendo quando vejo quem menos parece prezar encher o peito de verdade, sem a alfinetada, ou a canetada da obrigação, e cantar. Sou louca pelos tantos anos que não nos separam dos que foram, mas que nos juntam em conversas sobre um único amor: esse amor aqui. Que faz nos pararem na rua para falarem da saudade, do caminho que tomaram por uma ou várias das tantas inspirações que tiveram neste lugar. Sou louca: sou louca por isso tudo. Pela batida do bumbo que arrepia, pela seriedade no rosto e pela alegria explodindo no peito; pelos fins de manhã, que passo pelo portão e sinto a felicidade de não ser mais aquela criança que sonhava em ser acolhida por essas arcadas- e, sim, a guria de hoje que tanto é acolhida. Sou louca por nossa vibração em conjunto pelo centenário que chega. Mas sou lágrimas junto, quando lembro que passa o centenário, passam as arcadas em nossas vidas também. Sou louca pelo nosso sentimento, pela nossa cumplicidade, pelo nosso companheirismo. Sou apaixonada pela nossa saudade: dos que já foram há tantos anos, dos que foram há poucos, dos que estão aqui e já sentem esse aperto no peito; dos que saíram aliviados, dos que choraram um rio de lágrimas. E pela nossa saudade nem saudade ainda: essa saudade de cada dia que nos aproxima mais da saudade propriamente dita. Que junta cada dia a esses 99 anos e nos cala. Dizer mais seria válido, mas quando 99 anos de história gloriosa se fazem pouco perto do amor que todos sentimos, só nos resta uma confissão final e um agradecimento. A confissão que diz fazeres parte dos maiores amores, das maiores belezas, das maiores grandezas, dos afetos mais sinceros da minha e de tantas outras vidas. Então, CMPA do nosso coração, da nossa alma, obrigada, mil vezes obrigada por esses 99 anos de ardor em si.
R.A Março/2011












Um comentário:

  1. Parabéns, Richelli!
    Um dos textos mais lindos que já li sobre o nosso Colégio!
    Escreves muito bem! Tens sensibilidade, percepção de entorno e uma alma poética. Continua a escrever, sempre! O mundo precisa de ti, também como escritora!
    Abração!

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